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quinta-feira, 7 de julho de 2011

PECCATUM - "Strangling From Within" - 1999

PECCATUM
"Strangling From Within"
1999 / Candlelight Records

Em 1998 os Emperor andariam a promover o “Anthems To The Welkin At Dusk”, e Ihsahn, um Sr. que não se contentava apenas com o culto do Black Metal dos Emperor, juntamente com a sua esposa Ihriel estavam a dar forma a um conceito arrojado que se chamaria Peccatum. O irmão da Ihriel, Lord PZ, vocalista dos Source Of Tide, junta-se ao projecto para em Novembro de 1999 lançarem a curiosa estreia intitulada de “Stragling From Within”. Todo o conceito esteve na mente da mulher de Ihsahn, e este e o seu cunhado deram a ajuda necessária para que as ideias dela se tornassem uma realidade.

http://www.myspace.com/peccatum
Arrojado é um bom adjectivo para caracterizar a estreia dos Peccatum, mas também se podem aplicar outros, como vanguardista, experimentalista, teatral… obra de arte! O avant-garde está presente por ser especialmente experimentalista e diferente de tudo o que Ihsahn até então tinha lançado. Não esperem escutar o que ouviram nos Emperor ou nos Thou Shalt Suffer. Há aqui uma base muito teatral e até diria dramática, como se estivéssemos a escutar uma peça de teatro (logo a abrir o “pano” irão escutar a “Where Do I Then Belong?” onde todos os elementos teatrais estão presente; e até surge um cravo que dá um toque medieval bastante interessante). Este aspecto tem que ver com as vozes que todos os elementos de Peccatum projectam. Ihsahn e Lord PZ dão alma à face épica deste trabalho, com vozes sonantes e fortes, por vezes guturais, que nos faz imaginar os gestos se de uma peça de teatro se tratasse. Já a voz de Ihriel é dramática o suficiente para imaginarmos uma ópera. A característica de soprano está presente, mas ela teve a arrojada ideia de se tornar dissonante. Não pensem que ela não sabe cantar, ou que desafina. Nada disso! Ela sabe muito bem cantar, mas quis distanciar-se do clássico soprano para se situar no contexto que criou; imaginem algo de fantasmagórico, ora 3 tons acima do instrumental, ora 3 tons abaixo do mesmo. Parece que está tudo fora da frequência que se desejaria, mas a verdade é que é tudo em nome da arte – por sinal, o álbum termina com uma ovação à arte, uma composição brilhante e arrepiante e que encaixa muito bem no final do trabalho.
Esperem, por fim, momentos dissonantes que fazem tremer o ouvido habituado às harmonias clássicas. O recurso a elementos orquestrais também está presente, mas não são a glória deste álbum. Além disso, os instrumentos da orquestra são programadas e a sua linha de composição é bastante simples – nada de muito elaborado (excepto o tema “An Ovation To Art”, que está uma obra prima). A bateria é igualmente programada, o que faz com que o álbum tenha perdido um significativo toque orgânico. Seria muito mais grandioso se sentíssemos um baterista humano. Assim sendo, a glória vai, claro está, para o trabalho da guitarra do Ihsahn, que nos dias que correm é identificada após o terceiro tempo da música (este compositor já criou um estilo próprio, ou não tivesse ele uma banda com o nome dele).


POST-SCRIPTUM:
Para estreia não está nada mal. Todos os temas são significativos e interessantes, e não cansam o ouvido. E tendo em conta ao contexto da época, o mercado não estava assim tão saturado ao ponto de não permitirem mais uma banda deste género. Contudo, parece que os Peccatum não tiveram assim tanta projecção nos ouvidos do seio metaleiro e só talvez mais tarde eles tenham sido escutados. Um álbum que fica para a história da banda, mas, como veremos brevemente, não está aqui o esplendor do colectivo.

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