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terça-feira, 16 de novembro de 2010

Darkly, Darkly, Venus Aversa- Cradle of Filth -2010


Darkly, Darkly, Venus Aversa , o nono álbum  da banda inglesa que tanto aprecio, Cradle of Filth, lançado em 1 de Novembro de 2010, revela algo de obscuramente familiar,  soando-me muito aos “velhos tempos” do grupo. É um álbum conceitual com o mesmo espírito do seu antecessor Godspeed on the Devil's Thunder. Desta vez centrada no demónio Lilith. "Darkly, Darkly, Venus Aversa" é um álbum para um ouvido exigente, com paciência para desmontar e apreciar as suas camadas.

De realçar que o artwork deste álbum foi realizado, e muito bem, por Natalie Shau, especializada na manipulação de fotografias, desenhos 3D e pintura digital, utilizando principalmente o Photoshop. As ilustrações são cheias de encanto e magia revelando o seu estilo gótico-dark, com fadas e bonecas vivendo num mundo de imaginação.


O trabalho de guitarra neste álbum, é fantástico em canções como “Retreat of the Sacred Heart” e em "The Nun with the Astral Habit"  . Paul Allender proporciona uma plataforma sólida em consonância com a fúria vocal e maciça de Dani . Os arranjos do teclado são sempre bem-vindas, mas muitas vezes encontram-se um pouco enterrados sob um certo caos, de que o elemento orquestral também padece. A voz de Dani mostra-se mais ampla do que nos 3 últimos álbuns. Os sintetizadores ainda estão presentes, como era de esperar, mas com alguns novos ritmos atraentes.

Quando tudo funciona em harmonia, encontra-se músicas como "The Spawn of Love and War", mas quando esta não funciona, existe uma sensação de faltar algo, numa faixa promissora como "One Foul Step From the Abyss", que poderia ser melhorada, se fosse dado um pouco mais de fôlego aqui e ali.

Na verdade, este álbum é um suspiro de alívio para todos aqueles que esperavam que um dia  os Cradle of Filth estivessem de volta.

A faixa inicial, The Cult Of Venus Aversa, começa com alguns arranjos de teclado e a voz feminina da cantora Lucy Atkins.  Percebe-se de imediato que esta música vai ser um passeio onde estará presente a orquestra, explosões na bateria, acompanhadas por screeches, o som do vento, e a eufórica voz de Dani escoltada por um arranjo de teclados rápido. Com mais de sete minutos a música de abertura é a mais longa.

"One Foul Step from the Abyss", a faixa número 2, é rápida, com alguns riffs bem trabalhados. Esta música remete-nos para uma sensação de ambiente escuro, proporcionada em grande parte pelo teclado.

A faixa número 3, "The Nun with the Astral Habit",   adere a uma rotina semelhante, mas não posso deixar de salientar a grande prestação de Dani, e afirmar que é o vocalista mais original do género, com a certeza que a sua voz permanecerá memorável.

"Retreat of the Sacred Heart", a faixa número 4, é um  impulso contínuo em linha recta até à faixa número 5, "The Persecution Song"  que traz consigo uma sensação de lembrança do recontar de um velho conto de fadas dos Irmãos Grim. É sem dúvida a faixa mais teatral do álbum.

A faixa número 6, "Deceiving Eyes" é digna  de nota pelo  riff de abertura, que quebra o molde usual dos  Cradle of Filth e presenteia o ouvinte com algo deliciosamente semelhante aos riffs dos Anthrax.

"Lilith Immaculate", a faixa número 7, é a música mais próxima dos “velhos tempos” de Cradle of Filth. A faixa contém tudo o que os Cradle of Filth fazem bem feito, guitarras triturantes , bateria e baixo em consonância, sintetizadores actuando como se fosse um coro de apoio e, sim, uma voz feminina. Mas o que é maravilhoso nesta faixa, é a chave principal que se arrasta no fundo. Simplesmente, surpreendente. O toque feminino - feito pela esposa do produtor Scott Atkins, é realmente maravilhoso nesta música.

A faixa número 8, “The Spawn of Love and War” tem algumas similaridades com algum material de «Nymphetamine» tirando-lhe piada, apesar disso, dá um certo prazer  ouvir esta canção, provavelmente das mais bem conseguidas do álbum.

“Harlot on a Pedestal”, a faixa número 9, tem um tom carnavalesco proveniente dos teclados, mas rapidamente é substituído por um Marthus de se lhe tirar o chapéu. O solo a meio é muito bom.

 A faixa número 10, "Forgive Me Father (I Have Sinned)", o single oficial para o qual foi feito um vídeo, é uma música agradável e retém todos os ingredientes do álbum. Guitarras bem definidas e orgânicas, bateria veloz, voz feminina e teclados que sobressaem. Um bom aperitivo.

Beyond the Eleventh Hour, a faixa  número 11, acaba como começa o álbum. Um tema longo e variado, como narrações femininas. Feito essencialmente sobre as guitarras, tem uma estrutura complexa a invocar o material antigo.

É definitivamente um álbum agradável para os fãs do género e também agradável para pessoas que já são fãs da banda em si.

Track-List:

1.            "The Cult of Venus Aversa"        7:07

2.            "One Foul Step from the Abyss"              4:53

3.            "The Nun with the Astral Habit"               4:55

4.            "Retreat of the Sacred Heart"  3:56

5.            "The Persecution Song"               5:34

6.            "Deceiving Eyes"             6:32

7.            "Lilith Immaculate"         6:12

8.            "The Spawn of Love and War"                  6:19

9.            "Harlot on a Pedestal"                  5:09

10.         "Forgive Me Father (I Have Sinned)"     4:33

11.         "Beyond Eleventh Hour"             7:16

                                                                                                           

Post-Scriptum:
É um álbum bem trabalhado, gratificante, que explora os cantos do potencial do metal, e não tem medo de assumir um risco calculado. Nem tudo funciona, mas a maioria dá ao álbum um carácter único.

2 comentários:

v i c t o r h u g o disse...

Ainda não o ouvi...
E estou curioso. Gostei do single, e espero que haja a mesma energia no que resta.

Os tempos de Cradle já lá vão, e a banda tem-se vindo a refrescar em cada álbum... Mas o facto é que a cada lançamento a curiosidade aguça e a vontade de saber o que está aí é grande. Espero que não seja um Thornography.

v i c t o r h u g o disse...

Estou a ouvi-lo... and, what can I say?
Esperar de Cradle of Filth outra "Queen Of Winter, Throned" é o mesmo que esperar dos Iron Maiden outra "The Trooper".
O álbum não é mau como o "Thornography", mas também não considero um bom álbum.
Mine got... o álbum tem imensos blastbeats, a linha de bateria é muito igual. Por isso é que adoro a música "Forgive me Father (I have Sinned) porque não tem um único blastbeat - a música é dinâmica.
De resto, perco-me a ouvir o álbum porque parece-me muito igual. A produção está óptima, e a performance dos músicos poderia estar melhor - destaco, claro, o trabalho do guitarrista Paul Allender com os seus solos que dão um ar de sua graça ao novo trabalho dos Cradle of Filth.