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O Metrónomo teve acesso a esta curiosa banda de Sintra, e teve oportunidade não só de ouvir o EP "Voyage", que já data de 2010, mas também de ter uma conversa com o guitarrista Oz, uma das "mentes mestras" dos Legacy Of Cynthia.
Antes de mais vou iniciar com uma grande curiosidade. Porquê Legacy Of Cynthia? O que está por detrás do nome?
Acredita-se que os Celtas chamavam "Cynthia" à Serra de Sintra, em devoção à lua, e esse nome foi perdurando ao longo de vários séculos. Todos os elementos que compõem os Legacy Of Cynthia são oriundos de Sintra, local com o qual têm uma profunda ligação. Para nós faz todo o sentido a banda estar unida a um local onde fomos criados e que é por natureza tão místico e misterioso, sendo também fonte de inspiração para tantas lendas e referido por grandes escritores e poetas nas suas obras. Esse misticismo eternamente presente em Sintra, e na própria lua, serve como que de imagem de fundo para uma viagem que acreditamos existir na sonoridade que praticamos.
Formaram-se em Sintra no ano de 2010. Mas de certeza que têm um passado como colectivo, ou nem por isso? Querem contar um pouco da vossa história?
Todos os músicos que fazem parte do colectivo Legacy Of Cynthia são pessoas com percursos musicais bastante ricos e diversos. O que levou a esta congregação musical entre todos foi a vontade de criar um projecto onde pudéssemos navegar por várias paisagens sonoras, privilegiando muito a melodia, mas sem deixar de parte uma vertente mais directa e por vezes mais pesada. Apesar de tudo queremos libertar, de forma fluida, a criatividade que todos temos, sem nos importarmos muito com possíveis rótulos e também sem grandes preocupações de nos enquadrarmos dentro de um género (ou subgénero) musical definido e restrito, isto tudo sem perder a identidade e personalidade que julgamos ter alcançado com o EP "Voyage" e com as novas composições que temos criado.
O vosso EP, “Voyage”, lançado este ano, está aí para ser ouvido, mas estão sem editora e mesmo sem um manager. São, de facto, duas estruturas importantes para uma banda – estão a ter sucesso na vossa demanda?
O sucesso depende sempre das metas a que cada um se propõe, mas de facto, sem essas duas importantes estruturas que referes, temos conseguido obter excelentes reacções ao nosso trabalho, e tem sido uma surpresa para nós a reacção do público e de alguns media ao nosso som.
A opção de lançar o "Voyage" sem a banda estar associada a uma editora ou a um manager comporta certos riscos e sabemos que temos de trabalhar afincadamente para o nosso projecto se tornar visível tanto aos olhos do público como de todas as estruturas ligadas à indústria musical, de forma a conseguirmos alcançar outros patamares.
De certa forma o "Voyage" assume-se como um cartão de visita para mostrar o nosso trabalho e neste momento estamos muito satisfeitos com o feedback que temos tido do público em geral, como de algumas pessoas ligadas à indústria musical.
A vossa sonoridade não é exclusivamente Metal, ou pesada, havendo até muito mais Rock Progressivo. Isso é fruto dos vossos gostos, que devem ser variados, ou foi tudo planeado?
O nome do EP não foi escolhido por mero acaso e reflecte o que achamos ser a sonoridade dos Legacy Of Cynthia. Deixando os rótulos de lado, acreditamos que o nosso som é como que uma viagem que por vezes pode ter partes mais serenas e limpas para depois desaguar em partes mais brutais e quiçá mais inquietantes.
Claro que este trabalho é fruto do que gostamos de ouvir e, sobretudo, de criar. Penso que não existe uma influência latente no projecto, pois todos os membros da banda gostam de coisas muito díspares. A forma como trabalhamos cada música não tem necessariamente de ser igual à abordagem que tivemos com os temas compostos anteriormente. O que fazemos é deixar a música fluir, como se fosse um rio, e ela acaba, quase sempre, por se fazer a si própria.
Como é que funcionam como banda? Existe uma “mente mestra” ou funcionam de um modo democrático onde todos contribuem com ideias?
Existem 6 mentes mestras imbuídas de um espírito de abertura musical que achamos essencial para atingir a sonoridade que pretendemos. Nós conversamos bastante sobre as partes das músicas, debatemos, por exemplo, o que é que um determinado riff pede em termos vocais.
Funcionamos de modo democrático, pois muitas vezes podes não conseguir vislumbrar o que é melhor para certa música, ou até discordar da direcção que o tema está a tomar, e a maioria achar que o melhor é o caminho oposto ao que idealizas. Certo é que no final acabamos sempre por dar razão ao caminho que a maioria escolheu. Achamos que este é o espírito que deve existir na banda.
Voltando ao EP. Querem falar um pouco sobre ele? Como foi o processo de composição e gravação? O que está por detrás do vosso trabalho conceptualmente?
O "Voyage" não foi composto de raiz com um conceito conceptual, apesar de numa visão mais global ressaltar transversalmente o tema da viagem em busca da luz, do exorcizar de todos os sentimentos que nos fazem ser piores pessoas. Se quiseres podemos dizer que o conceito é a busca de uma certa paz de espírito.
O processo de composição teve alguns percalços mas foi altamente proveitoso a nível de entrosamento e da discussão de ideias e de conceitos a abordar aquando da composição de cada tema. Foi bom definir que temos um vasto espectro musical onde gostamos de nos movimentar, mas sem que isso cause uma perda de personalidade ou identidade.
Gravar no Trigger Studio com o Rui Danin foi excelente. O Rui além de ser um grande amigo é também um produtor muito exigente e muito criativo. Sugeriu imensas coisas e algumas delas acabaram por ficar na mistura final. Apesar de conhecermos os temas de fio a pavio ficámos surpreendidos com a sonoridade que conseguimos alcançar juntamente com o Rui Danin. A quem aproveito para, em nome da banda, agradecer publicamente pelo excelente trabalho que fez.
Acho curioso terem dois vocalistas, o Peter e o Charlie. Porquê esta opção?
O Peter e o Charlie têm timbres muito diferentes e já trabalham juntos há vários anos. São dois músicos muito talentosos e criativos, que por vezes abordam os temas de forma diferente, o que acaba por enriquecer o nosso som. Por os timbres serem diferentes conseguem criar vários tipos de harmonias e maneiras de cantar que encaixam na perfeição num riff que normalmente seria apenas destinado a uma só forma de cantar. É isso que eles tentam fazer, explorar e vaguear uma malha tentando encontrar nela diferentes sensações, transpondo depois isso para linhas vocais.
E espectáculos? Podemos ver os Legacy Of Cynthia nos palcos?
Neste momento não temos nada agendado, apesar de termos algumas coisas alinhavadas mas que carecem de confirmação. Brevemente contamos anunciar algumas datas. Podem consultar o nosso myspace ou facebook para ficarem a par dessas e de outras novidades.
Desejos para o futuro. O que podemos esperar da vossa banda?
O que desejamos é comum a toda a comunidade rock/metal nacional: Mais e melhores condições para tocar e que haja um apoio e união cada vez maiores em torno do que se faz em território nacional, pois existe muita qualidade em Portugal. Felizmente hoje já vemos cada vez mais adolescentes a aderir aos concertos de bandas nacionais e a apoiar afincadamente o panorama rock/metal português.
O que podem esperar dos Legacy Of Cynthia é uma entrega total e uma determinação enorme em a banda se superar a si mesma. Estamos em fase de composição e posso assegurar-vos que o novo material nos está a entusiasmar bastante, deixando-nos confiantes que o mesmo se irá passar com quem tiver oportunidade de nos ouvir.
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