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Os alemães The Ocean tentaram surpreender tudo e todos este ano que termina. Essa tarefa quase sempre foi conseguida por Robin Staps e companhia nos álbuns anteriores, já que todos eles denotaram uma atmosfera muito peculiar onde se misturava agressividade retirada do sludge e do hard-core, mas sempre com passagens bastante ambientais e por vezes psicadélicas. Este ano Staps foi mais longe e refrescou, por assim dizer, a sonoridade da banda com dois momentos que marcam a importância dos The Ocean.
“Heliocentric”, o primeiro momento, lançado em meados de Abril talvez tenha sido para os fãs do material anterior uma surpresa pela negativa. Desde logo nota-se que o vocalista é outro. Loïc Rossetti tem uma presença completamente distinta à do passado da banda. Neste “Heliocentric” podemos encontrar uma carga muito grande de melodia não só transmitida pelos instrumentos, mas também pela garganta deste vocalista. A voz de Rossetti é bastante versátil, porque consegue ora berrar como se não houvesse amanhã, ora cantar no verdadeiro sentido da palavra. E a verdade é que este vocalista adequa-se perfeitamente à nova sonoridade dos The Ocean.
“Heliocentric” é um trabalho de altos e baixos, de discórdia e de harmonia, e sobretudo um trabalho que se vai construindo por si mesmo – devido a um certo ritmo de progressivo na composição. Para ajudar estes momentos a banda tem o apoio de pouco mais de uma dezena de músicos para darem o seu cunho com violoncelos, violinos, piano, trompete ou saxofone, entre outros instrumentos que dão um ambiente único a este trabalho.
Se “Heliocentric” tem como base uma perspectiva do sol como centro do universo – tema que abrange um plano religioso e que podem explorar nas letras deste trabalho – já o segundo momento remete-nos para o homem como centro do universo, e por isso mesmo podemos encontrar uma outra perspectiva e um outro pensamento nesse momento: “Anthropocentric”.
"Christianity came into existence in order to lighten the heart; but now it has first to burden the heart so as afterwards to be able to lighten it. Consequently it shall perish"
[Friedrich Nietzsche]
(Excerto que podemos encontrar na abertura de “Anthropocentric”).
Neste segundo momento, lançado em Novembro, para além de se mudar a linha de pensamento, muda também o modo como os instrumentos são empregues. A melodia continua presente mas a agressividade parece ter sido tonificada, tal como o sentido progressista inerente a todos os temas. Existe, portanto, uma certa raiva e também alguma complexidade nos temas. Não que sejam altamente complexos, mas a complexidade a que me refiro tem que ver com o modo como a música chega ao ouvinte. Isto porque tanto este trabalho como o “Heliocentric” são momentos muito iguais a si mesmos, e apesar de trajarem uma roupagem diferente, eles podem transmitir uma dificuldade ao ouvinte – a densidade destes momentos.
Fiquem com um capitulo deste “Anthropocentric”.
POST-SCRIPTUM:
Para os que não conheciam a banda podem encontrar uma excelente oportunidade para conhece-la com esta refrescada face. Bastante mais calmos e acessíveis, embora a densidade destes trabalhos sejam a grande pedra no sapato. O instrumental é muito interessante, por vezes pesado com pitadas de metal e rock, por vezes leve e suave… e por vezes com aquelas pitadas do post-qualquer-coisa. Sem dúvida um trabalho com altos e baixos… bipolar!
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