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sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

ATARAXIA - Llyr - 2010


ATARAXIA
"Llyr"
2010

Não é propriamente Metal. Longe disso. Mas por incrível que pareça, estes italianos e prestigiados elementos que compõem os Ataraxia são muito apreciados e aceites no seio do Metal e do Gothic. Eu continuo a achar que eles merecem mais destaque para lá deste extremo, mas também não devem ficar pelo meio… deveriam antes chegar ao outro extremo, ao que chamam de erudito. Mas creio que a banda não se importa com esse percurso, até que eles existem para a música, e com ela, como se fosse magia, transmitir cultura e outras perspectivas e mesmo conhecimento. Ambicioso mas nada impossível para os Ataraxia. Cada lançamento destes italianos é um colosso de investigação com bibliografia e muito trabalho. Cada lançamento uma história nova e uma viagem refrescante para a mente e para os sentidos.


www.ataraxia.net
“Llyr” não foge à regra, e merece destaque pela carga mística que emana e, claro, pela categoria dos músicos e da Francesca Nicoli, vocalista, percursionista e flautista… entre outros movimentos.

“Llyr” relata a história de um ser de luz que viajou pelo tempo até aos nossos dias. Este ser teve origem na mítica Idade do Ouro, era em que as mulheres e os homens viviam em harmonia; era em que não precisavam de rezar aos deuses, porque eles eram deuses, seres sábios e em completa harmonia com o que lhes rodeava. Depois surge a Idade da Prata, idade na qual a mulher, a essência feminina, uniu-se com as forças da natureza. Uma relação onde tudo era sagrado. Segue-se a Idade do Bronze, a era dos guerreiros, da força bruta, da virilidade e do sangue. Depois eis que chega a Idade do Ferro, a era onde os valores se inverteram. As ligações da mulher, do homem e das forças primordiais perderam-se. Beleza, harmonia e intensidade foram esquecidas. Assim, o protagonista de “Llyr”, o ser, ou avatar, de luz, vai viajando pela diversidade do tempo, em formas diferentes, vivendo diversas experiências em locais distintos, com culturas e crenças distintas, sempre acreditando que encontrará novamente o equilíbrio e harmonia de outrora – o equilíbrio e ligação da natureza com o Cosmos pela música e pelo canto.

“Shakti, energy of life fed-up by the generous roots of earth, ruby-red snake, help me descovering the natural laws hidden inside me”


POST-SCRIPTUM:
Vale a pena acompanhar este avatar várias vezes. Musicalmente encontraremos momentos que traduzem o barroco e a música mais lírica, mas também momentos mais tribais, “desérticos” e rituais. Existem sonoridades muito distantes, mas que estão ligadas misticamente.

2 comentários:

csa disse...

Realmente!
parece mesmo música clássica.
Mas eu sempre achei que há subgéneros do metal que se aproximam muito dessa música.
E tenho a certeza de que sobretudo o BM é o herdeiro do Romantismo negro do séc. XIX, que eu adorei, quando estudei literatura.

v i c t o r h u g o disse...

Sim, poderia perfeitamente encaixar numa rubrica a Antena 2 - há uma ou outra nessa estação de rádio que explora o ambiente, o electro, noise e o neo-clássico. Chama-se "Argonauta" e está no ar às 22h de Sábado e de Domingo. Além da música, há literatura muito bem encaixada no ambiente musical. É um programa único.
Já ouvi lá desde Vangelis, passando por Dead Can Dance, Lisa Gerrard, Arcana... entre muitas outras bandas e artistas. Literatura: adorei os programas que exploraram a obra "Em Busca do Tempo Perdido", de Marcel Proust. Agora imagina que musica o autor do programa seleccionou... muito interessante.