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domingo, 21 de novembro de 2010

ULVER - "Shadows Of The Sun" - 2007


ULVER
"Shadows Of The Sun"
2007


"The Sun is far away
It goes in circles
Someone dies
Someone lives"

Normalmente escrevo sobre álbuns que vou ouvindo regularmente, sem uma data específica ou sem qualquer motivo aparente, optando por um e não por outro dependendo da minha vontade e disposição. A abertura para novas viagens sonoras é frequente, mas muitas vezes faço regressos ao passado pelo simples prazer de recordar não só a sonoridade mas também as experiências que tive oportunidade de viver no contexto dessa sonoridade. Nesta categoria existem alguns, muito poucos e raros, que só lhes dou a liberdade em épocas específicas do ano. Razão? Por só fazerem sentido nesse momento da Roda do Ano.

www.myspace.com/ulver1
O caso que vos trago é o não tão distante “Shadows Of The Sun”, dos noruegueses Ulver. Obra-prima lançada no primeiro dia de Outubro de 2007, e que tomou a alma de muito ouvintes o restante ano.
“Eos”, o tema de abertura, espalha o ambiente taciturno que o trabalho em 40 minutos vai esculpir. Este primeiro acto é tão poderoso e envolvente na sua substância, que a nossa mera gramática não consegue adjectivar ou descrever para além do “sublime”. Eles até poderiam ter feito um tema sobre culinária que não destruiria a sumptuosidade desta abertura. “Eos” é um doce círculo porque várias vezes regressamos a ele… é o desaparecimento de qualquer luz.
Quem nunca ouviu os mais recentes trabalhos de Ulver e estão a aventurar-se nesta viagem, fiquem com a ideia que a segunda “vida” dos Ulver é desprovida de elementos Metal. Não significa que tenham perdido qualidade. Pelo contrário – os ambientes que criaram optimizaram os uivos destes lobos noruegueses. Assim, na mesma linha de “Eos”, podem esperar um segundo tema sem guitarras com distorção. “All The Love” é a continuação da falta de fôlego ao ponto de pensarmos se restará mais alma para aguentar tais texturas. Destaque para o trompete que dá uma certa sobriedade ou uma certa decadência ao tema, dependendo do ponto de vista e da alma que estiver a escutar. O trompete pode também ser ouvido noutros temas. Uma boa aposta neste trabalho.
“Like Music” tem talvez a passagem mais tenebrosa mas ao mesmo tempo mais bonita do álbum – o início lindíssimo não dá qualquer imagem de como o tema termina… e termina de um modo único. Uma comunhão perfeita entre o som e a letra.
De seguida temos outro ponto alto deste trabalho que adivinha o Inverno. “Vigil”. Fiquem com ela e irão perceber a dificuldade que tenho de escrever sobre estas sombras do Sol.


A taciturnidade e beleza discorrem por todo o álbum, como as aveludadas “Shadows Of The Sun” e “Let The Children Go”.
Somos também brindados com uma curiosa cover da música “Solitude”, dos Black Sabbath. Se pensam que o Heavy Metal está presente aqui desenganem-se, porque esta cover é fiel ao ambiente de todo o álbum – com um trompete a brilhar num breu total.
Já para o fim a “Funebre” traz mais um brilho da noite. O título indica muito do que se pode esperar. “A flight of ravens / Into the sunset”.
“What Happened?” fecha o trabalho de um modo arrepiante, mas gera a vontade de regressar ao início. “Out of Nothing / I understand / Who I am”.

"Under the Moon
The wolves gather"

POST-SCRIPTUM:
“Shadows Of The Sun” é uma entidade que só a solto em Novembro. Um pedaço de nostalgia, carregada de ambientes electrónicos e texturas melódicas que são quase palpáveis – graças ao trabalho de um quarteto de cordas. Outros músicos estão também de parabéns por terem deixado o seu contributo nesta obra de arte – já para não falar de Kristoffer Rygg e companhia que mais parecem monges a oferecerem-nos uma experiência mística. Para me acompanhar até a primeira flor nascer.

2 comentários:

Unknown disse...

é um senhor album sim senhor Victor!

e tu tens aqui um senhor texto também. congrats! :)

v i c t o r h u g o disse...

É muito bom, não é?
Agradeço ao Hugo Melo, porque sem o alerta dele provavelmente não conheceria o álbum.

O texto está interessante, mas sinto que falta muita coisa... mas isso é a minha angústia a "falar". Tinha vontade de escrever poesia em vez de um review... ou simplesmente ter saído de casa e ter ido para outro espaço mais adequado.

Prometo que farei...