BURZUM
"Belus"
2010
O fim do ano aproxima-se a passos largos e a sensação de frustração vai surgindo por não destacar algumas das melhores ofertas que o seio do Metal nos tem dado em 2010. Como devem estar a perceber, este “Belus” é um destaque que não poderia adiar para 2011, e já viu a luz no início de Março. Mas, será que Burzum merece o destaque neste espaço mesmo após tantos meses depois do seu lançamento? Os mais novos devem estar a questionar quem são os Burzum, por isso, para vocês, Burzum é uma lenda viva do berço do Black Metal, tal como a sua alma: Varg Vikernes – odiado por uns e venerado por outros, Burzum é uma marca no Metal mais extremo, com um dos pontos mais altos do Black Metal em 1996, o “Filosofem”. E só por isso merece o merecido destaque, seja ele positivo ou negativo.
Então, como é esta identidade intitulada de Belus?
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Antes de mais, o sentido mitológico e metafórico de Belus tem que ver com a morte, a viagem pelo mundo dos mortos e, por fim, o regresso desse mundo. Inicialmente chamado de “Den Hvite Guden” (“O Deus Branco”), “Belus” encerra esta temática carregada de misticismo, figurada por um feiticeiro que sofre uma morte simbólica (iguala a viagem do Deus Branco), inicia a sua jornada pelo mundo dos mortos e renasce, tal como o Deus Branco (puro e inocente). Assim, o álbum inicia (depois da curta introdução) com a música “Belus’ Død” (“The Dead Of Belus”), e termina com uma longa conclusão instrumental e ambiental – “Belus’ Tilbakekomst” (“The Return Of Belus”).
E o que se pode esperar da sonoridade deste tão esperado trabalho? Após os primeiros acordes da “Belus’ Død”, percebe-se que se está perante um trabalho cuja sonoridade é distinta dos outros trabalhos (tanto os de estúdio como os produzidos na prisão), não só pelo facto da tecnologia ter melhorado, mas também porque realmente soa diferente. A frieza característica do passado existe, mas sente-se de um modo diferente. A era do “Filosofem” já lá vai (mantendo-se presente como um ícone), os ambientes nele traduzidos também são do passado, mas não esperem um som límpido e polido neste esperado “Belus”, porque a verdadeira natureza do Black Metal está muito presente nas músicas de “Belus”.
Na música “Glemselens Elv” podemos experimentar detalhes muito interessantes, como os repetitivos riffs que nos transportam para uma hipnotizante “viagem” pela temática do álbum (de destacar que é a faixa mais longa – quase 12 minutos com os mesmos riffs) – este ponto não é negativo, porque está-se perante uma das melhores faixas do álbum, e o quase transe manifesta-se interessante.
Por outro lado, “Belus” reserva faixas mais imediatas, como a fabulosa “Sverddans” que transpira Black Metal rápido e directo no assunto.
E não posso deixar de destacar uma outra grande música do álbum – “Kaimadalthas’ Nedstigning”. Início trovejante e letal… uma grande música para se apreciar.
POST-SCRIPTUM:
Varg saiu da prisão e pareceu que não teve mãos a medir porque rapidamente nos ofereceu um viciante álbum de Black Metal. A temática é no mínimo adequada à sonoridade. Já esta merece aplausos, porque é uma prova de que não são necessárias grandes “merdas” (desculpem o termo) nem grandes “polidelas” para se obter um BOM álbum de Metal. Um último destaque para excertos da voz de Varg – por vezes ele optou pela voz limpa, e isso é totalmente refrescante para o reportório do artista
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