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segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Pink Floyd - The Dark Side of The Moon

Pode não ser o expoente máximo do Rock denominado por Progressivo/Psicadélico, mas este álbum dos Pink Floyd seria - sem dúvida - como é ainda hoje, uma viagem ao mais sombrio recanto do Ser Humano no ano do seu lançamento, 1973. Ao oitavo registo de estúdio a banda Inglesa, por esta altura já órfã de um dos membros fundadores o guitarrista e letrista Syd Barrett – incapacitado devido a doença mental – e substituído por David Gilmour cria a obra que projectará para o mainstream o até à altura submundo de um estilo musical complexo e desconhecido projectando bandas como os King Crimson, Genesis, Jethro Tull, Yes e Soft Machine.


Gravado nos estúdios londrinos de Abbey Road, The Dark Side of the Moon é por si só, retirando toda a envolvência lírica ao álbum, uma obra sonora inovadora. Nas gravações foram usadas várias técnicas à época consideradas futuristas como o uso de uma mesa com 16 pistas quando na altura só se gravava com 4 ou 8, uma mistura usando o sistema quadraphonic que permite a audição das músicas naquilo que hoje é conhecido como sistema surround 4.0 e adicionados ao som tradicional da banda os sintetizadores que ajudaram a construir texturas sóbrias e espaciais, quase etéreas.


Gilmour, Waters, Mason e Wright são os obreiros desta obra monumental e intemporal. O álbum divide-se em duas partes; a primeira é composta pelos temas Speak to Me/ Breath, On the Run, Time e The Great Gig in the Sky. A segunda parte é composta pelas faixas Money, Us and Them, Any Colour You Like, Brain Damage e Eclipse.

No lado A do disco podemos encontrar uma reflexão profunda sobre a vida, sobre o Tempo, sobre as escolhas, frustrações e consequências de um quotidiano que nos absorve silenciosamente e do qual nos arriscamos a libertar somente na Morte. E o exemplo destes conflitos, destas paranóias humanas, da angústia, pode ouvir-se na voz de David Gilmour na primeira faixa do álbum “…Breath in the air, don´t be afraid to care, live, but don´t leave me, look around, choose your own ground…” , angústia igualmente patente no terceiro tema “ …and then one day you find, ten years have got behind you, no one told you when to run, you miss the starting gun…”.

O lado B é dedicado ao dinheiro, à guerra, à alucinação e loucura. Nesta face do disco explodem as guitarras e o saxofone num frenesim de morte e prazer. Na faixa Money, o hit single com a assinatura de tempo mais estranha da música moderna, ouvimos o dinheiro a cair na registadora, uma linha de baixo simples e David Gilmour a assinar um solo memorável. E quando a viagem parece iniciar uma espiral de alucinação eis que surge Us and Them para mostrar que afinal a alma humana pode ter salvação.

Curvemo-nos sobre Gilmour, Waters, Wright e Mason, que no longínquo ano de 1973 criaram uma obra que enche o ouvido, a alma e o Mundo.


Post-Scriptum:
Richard Wright faleceu 2008 e deitou por terra a já ténue hipótese de uma reunião dos Pink Floyd. David Gilmour segue uma bem sucedida carreira a solo. Roger Waters actua em Portugal em 2011 e recriará o The Wall, um dos melhores momentos em termos musicais da banda, mas um dos piores pela tensão que no seio da mesma imperava e que havia levado à saída de Richard Wright. Nick Mason segue sem baquetas em parte incerta.
The Dark Side of The Moon é o começo, o término, ou apenas mais um marco na viagem. A cada um cabe escolher por onde começar a discografia da banda.

1 comentário:

v i c t o r h u g o disse...

Excelente estreia, Luis Trindade.
Keep the spirit!

Sou um grande apreciador do trabalho dos Pink Floyd, e foi com surpresa que li o teu review ao "Dark Side Of The Moon" - até fiquei arrepiado, porque para quem conhece o trabalho o teu texto sugere o saudosismo, e só de imaginar a música "Breath", ou a "The Great Gig In The Sky" (um grande tema com uma grande voz), o meu corpo arrepia-se.

Bom trabalho.