EVEREVE
"Seasons"
1996
Quem não conhece uma banda alemã com o nome de EverEve, que deu os seus primeiros passos na década de 90 com um split, duas Demos e este fabuloso “Seasons”? Não conhecem? Então façam o favor de explorar o início desta banda que praticava um som bastante pessoal – nem Gothic nem Doom, estando algures no meio destes estilos.
Em 1996 dão à luz o seu longa-duração de estreia, o qual deu que falar para os que tiveram curiosidade (ou sorte) em ouvir o “Sesons”. Desde a capa a sugestivos títulos, este álbum teria tudo para ser poderoso – e realmente é! Contudo, como os gostos são meros juízos particulares, decerto que houve quem não apreciasse a sonoridade da banda, talvez pelo facto dela não se limitar a um estilo e criar a sua própria sonoridade – sonoridade esta que teve o culminar máximo no sucessor do “Seasons”, o poderosíssimo “Stormbirds”, de 1998, e que terá honras neste blogue.
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Tal como o título sugere, “Seasons” é um álbum que explora um conceito – o ciclo das Estações do Ano. Mas, todo o álbum é muito mais que uma mera exposição deste tema – é uma descarga emocional dos sentimentos sugeridos por cada parte do ciclo. Portanto, muito mais que físico (sonoro), é um trabalho espiritual onde os sentimentos estão “à flor da pele”, ou a banda não tivesse o misterioso vocalista (que já não está connosco – suicídio após o “Stormbirds”) Tom Sedotschenko.
O álbum abre com a “Prologue: The Bride Wears Black”, como um pronuncio do que o álbum nos reservará. A sonoridade melódica envolve o ouvinte através da genial comunhão da voz com o instrumental – uma comunicação musical que progride a níveis arrepiantes!
“A New Winter” apresenta a vocalista de serviço que tem uma excelente qualidade para ler pequenos excertos, que insere ainda mais alma ao trabalho. Esta senhora aparecerá mais vezes no “Seasons”, e acaba por ser um factor importante na dinâmica do álbum. De notar que a letra está em alemão – aspecto peculiar nos EverEve, que tanto exploram o inglês como o alemão. De resto, “A New Winter” é um riff simples que abre as portas à Primavera.
“The Phoenix / Spring” é um tema poderoso onde variam as vozes guturais com as melódicas. O instrumental é singularmente melódico e atmosférico, onde os teclados nos envolvem.
“The Dancer / Under A Summer Time” é, talvez, a passagem mais poderosa deste ciclo. Começa com a excelente narração de um excerto igualmente excelente. Surge um ritmo forte de guitarra que acompanha um piano que nada mais é que um prelúdio à fabulosa melodia que a música nos reserva. Momentos envolventes e momentos de pura descarga de energias. Esta é simplesmente uma música fabulosa, com uma finalização incrível e carregada de feeling. Fiquem com ela:
“Twilight” é uma ode ao Outono… arrepiante!
"First leaves touch the ground
Shadows are to be our company
An age draws near
In which days die away, die softly
When the light dwindles
When the curtain falls
The sun is conquered
Grey veils cover the world
And our hearts vanish the void"
“Autumn Leaves” é o culminar do Outono. Uma música lindíssima, carregada de Doom e com uma melodia cantável. Simplesmente arrepiante e recomendável, onde o vocalista emprega uma voz completamente aplicável ao ciclo outonal.
“Untergehen und Auferstehen” é um faixa brilhante que explora sentimentos “depressivos”, de desfalecimento e de ressurgimento. Como o trabalho da banda é brilhante, tanto a voz como o instrumental é adequado a essa temática. Comprovem vocês mesmos!
Depois da “To Learn Silent Oblivion”, que é uma passagem para o final do ciclo, surge o Inverno em toda a sua glória – “A Winternight Depression”. A associação do Inverno à depressão tem muito que ver com a própria natureza do Inverno; contudo, de certeza que nem todos os ouvintes associarão à tão conhecida depressão que os humanos sofrem. Esta é uma depressão artística, onde tanto o belo como o horror se confundem. Um tema belo que remete o ouvinte para um panorama de reflexão.
O ciclo termina com um “Epilogue”
“And buried under eternal ice
There lies the soul and cries
Has to nourish, to refresh
On our being`s darkness - nothingness.”
POST-SCRIPTUM:
Estamos perante um trabalho espectacular. Aos que desconheciam espero ter-vos gerado a curiosidade de conhecerem este álbum. Aos que já conhecem espero ter promovido uma boa recordação – é tempo de tirar o pó ao CD. “Seasons” poderá ter passado despercebido na segunda metade da década de 90, mas significou muito para quem o ouviu. Um álbum que ficará para sempre; um ciclo (um ritual) interminável.
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