"Stormbirds"
1998 / Nuclear Blast
“...So we have left behind the ceaseless change
the ceaseless change of Seasons,
embittered by the inevitable maelstrom
that draws us towards the fields of winter
where crows burst out in their scornful cries.
And our eyes fall on the realm of much prouder
but neverthless even sadder creatures
the realm of the Stormbirds...”
O Metrónomo tem o prazer de apresentar o sucessor do “Seasons”, obra prima da banda germânica EverEve. Já data de 1998, mas este “Stormbirds” merece o prometido destaque, tal como mereceu o antecessor, pelas mais nobres razões que o Metal possa evocar.
“Stormbirds” inicia onde o “Seasons” terminou, da tristeza do Inverno surgem criaturas fantásticas numa tempestade de pássaros.
“Fields Of Ashes” é a glória do álbum. A abertura esplendorosa e grandiosa espalha força e pode despertar sentimentos adormecidos… realmente não há palavras para descrever tamanha força… aumenta-se o volume e a sensação de poder é imensa. Tom Sedotschenko consegue com a sua voz expelir o que sente de uma maneira genuína… sente-se, mesmo!
Na totalidade do álbum, a voz deste Sr. é um destaque. Tom ora berra e grita, ora canta, ora sussurra, tudo muito bem conjugado com o instrumental e genialmente colocado no momento certo. A relação com as letras é impressionante, e a comunhão lírica com o instrumental é perfeita. Assim, a voz e o instrumental é soberba! Neste “Stormbirds” há temas rápidos, lentos, enérgicos, contemplativos… uma mão cheia de música que só se encontra neste trabalho. “…On Lucid Wings”, precedida pela “Escape…”, é um tema bastante mais lúcido, por assim dizer, que o “Fields Of Ashes”, com uma energia distinta, para logo depois sermos carregados com um peso e um fardo só conseguido por esta banda. “Martyrium” é pesado espiritualmente. Um poema escrito na língua alemã, o Grand Piano, sons orquestrais conduzidos por Jean-Pierre a sugerirem una depression - mas no fundo, lá no fundo, os EverEve querem mostrar algo de belo. Momentos depois um tema rápido e agressivo, “The Downfall”, contrasta com o negro e o martírio e vem dar outro andamento ao álbum. Contúdo, este trabalho é de altos e baixos, pois ora temos um tema up-lift (ilusório, mas pelo menos “mexido” – porque lá no fundo todo o trabalho é uma neurose do vocalista) como um tema que nos deita por terra. “Dedications” é mais uma prova de que o conteúdo lírico é rico e recomenda-se – uma dedicatória única. E “Stormbirds” é a densidade deste trabalho – instrumentalmente bonito, num andamento Doom, o tema desperta paisagens que a letra sugere. E quando isso acontece, é porque algo de especial estamos a ouvir.
Na recta final do álbum, a banda reserva alguns temas que merecem destaque: “Spleen” é um deles, por ser um tema totalmente tocado em Grand Piano, pelo genial teclista da banda, Michael Zeissi, e sussurrado por Tom - e por ser inspirado num poema com o mesmo nome, de Charles Baudelaire, retirado da sua obra “Les Fleurs Du Mal”. Já a terminar, “Stormbirds” dá-nos um valsa, “Valse Bizarre”, que se pode dançar mas que tem o toque EverEve (neurótico, digamos).
POST-SCRIPTUM:
Como já devem ter percebido estamos perante um álbum com um nível de autenticidade fora do normal. Definir o que é EverEve nos seus primeiros lançamentos é uma tarefa ingrata, e a banda não merece rótulos nem normalidades. “Stormbirds” distingue-se pela sua musicalidade, pois em todos os temas podemos reter algo de especial. E não esquecer a perfeita comunhão com as letras. Para terminar, esta obra fechou o círculo depois do suicídio do vocalista, que morreu no dia 1 de Maio de 1999. O trabalho dele pode ser ouvido e apreciado para sempre.
Como já devem ter percebido estamos perante um álbum com um nível de autenticidade fora do normal. Definir o que é EverEve nos seus primeiros lançamentos é uma tarefa ingrata, e a banda não merece rótulos nem normalidades. “Stormbirds” distingue-se pela sua musicalidade, pois em todos os temas podemos reter algo de especial. E não esquecer a perfeita comunhão com as letras. Para terminar, esta obra fechou o círculo depois do suicídio do vocalista, que morreu no dia 1 de Maio de 1999. O trabalho dele pode ser ouvido e apreciado para sempre.
1 comentário:
Logo vi que Spleen só podia vir de Baudelaire. O homem era um génio.
Tens de ouvir "Léo Ferré chante Baudelaire". Era um cançonetista francês, que se dedicava muito a cantar poemas musicados e que tinha um feeling impressionante.
Vou ouvir os EverEve. Fiquei impressionada com o teu texto. :)
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