LES DISCRETS
"Septembre Et Ses Dernières Pensées"
2010
No ano que passou ninguém contaria com um álbum que mexesse com todos os nossos sentidos, com o corpo e com a alma, como esta estreia dos Les Discrets. Apenas deixaram um cheirinho num split com os “irmãos” Alcest.
Nascida da mente criativa de Fursy Teyssier, Les Discrets é uma banda especial que cria música especial. Este trabalho ocupa o tema da Natureza e dos sentimentos mais intrínsecos do Homem face a esta – o Amor e a Morte. Estes temas são abordados não só pelas letras, mas também pelo fabuloso artwork de Fursy – e para terem uma visão “preenchida”, é aconselhável para os que gostam do álbum que adquiram a edição especial, cuja embalagem é um livro com desenhos e fotografias exclusivamente trabalhados para esta edição.
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Quanto à música, esta parece envolver o ouvinte e levar-nos para dentro do ambiente que a banda criou de um modo muito subtil. O álbum abre mesmo assim, com etéreos dedilhados envoltos num ambiente quase palpável. “L’ Échappée” é o primeiro arrepio, e acaba por ser aquela música que regressará várias vezes, pela sua simplicidade, unicidade, melodia... E de riffs shoegaze, somos logo brindados por um ritmo pesado e carregado de feeling em “Les Feuilles De L’ Olivier”.
A voz de Fursy abrange a melodia que o trabalho pede, mas carece de versatilidade e variedade porque é bastante igual ao longo do álbum – penso que não custava nada dar largas a uma voz mais glaciar, como a do Neige (ou poderia te-lo convidado para essas passagens). Contudo, ao fim de várias audições a voz acaba por ser aceite pelos nossos ouvidos.
Neste trabalho de estreia destaco, também, um dos momentos mais belos e paisagísticos – “Chanson D’Automne” é um colosso de ambiente e melodia arrepiante. Além da música ser fabulosa, “Chanson D’Automne” é também um poema do poeta Paul Verlaine.
POST-SCRIPTUM:
“Septembre Et Ses Dernières Pensées” é um interessante trabalho que merece ser descoberto. Parece-se realmente com uma “verdadeira obra de arte” porque o Belo transparece em tudo. Temos trabalho de imagem que apoia a música, e esta que apoia a outra. Detalhes brilhantes não só no trabalho de guitarra (que demonstra uma vertente shoegaze, rock e também metal), como também no espantoso feeling que se respira da bateria (Winterhalter volta a dar provas do seu trabalho – baterista que trabalhou com Neige em Alcest), dos ambientes que aspiram à contemplação (este trabalho merece ser ouvido no meio da Natureza – saíam de casa e sintam!), como também do já referenciado artwork. Em suma, um grande trabalho. Uma obra de arte de 2010.
2 comentários:
Tens de te juntar à equipa da Versus mesmo.
CDs destes estão à espera da tua apreciação :)
Já aceitei o vosso convite :)
Vou fazer um estágio de dois meses.
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